2020 começou com uma incursão de alguns dias pelo país dos czares. Visitar São Petersburgo, a cidade que carrega o título não oficial de capital cultural da Rússia, era algo que pretendíamos fazer há já muito tempo.
Quando pensámos em destinos possíveis para a nossa viagem de inverno, São Petersburgo esteve sempre no topo da lista de preferências, afinal de contas quem não gostaria de visitar a Rússia, não é?
A verdade é que o processo de entrada no território russo não é propriamente simples, e no início das nossas pesquisas confesso que desmotivou um pouco. Até porque existem muitos outros países e lugares bonitos que podemos visitar sem ser necessária tanta preocupação com este tipo de coisas.
Felizmente mantivemos o nosso plano inicial e viemos a descobrir mais tarde, que para São Petersburgo até nem é assim tão complicado! (Vê aqui como obter um visto electrónico).
Após várias semanas de pesquisas e comparações consegui finalmente um esquema de voos à nossa medida, tanto em datas e horários como em orçamento.
Tratámos de comprar de imediato e depois foi só esperar pelo dia da partida!
São Petersburgo – a cidade
São Petersburgo, antigamente conhecida como Petrogrado (1914-1924) e Leningrado (1924-1991), é a segunda maior cidade da Rússia, com mais 5 milhões de habitantes.
Localizada nas margens do Rio Neva e banhada pelo Mar Báltico, São Petersburgo é actualmente o centro cultural da Rússia e um importante porto do país, tendo sido considerada Património Mundial da UNESCO em 1990.
A cidade é lindíssima! Com um palácio, jardim ou museu ao “virar de cada esquina”, a arquitectura é impressionante, numa harmoniosa mescla entre o estilo europeu e russo. É também uma cidade com muita cor, algo que normalmente não associamos aos países de origem soviética.
A proximidade do mar e os diversos canais e rios que atravessam a cidade, completam o cenário fantástico daquela que é a “janela da Rússia para a Europa”.
São Petersburgo é também uma cidade excepcionalmente jovem e certamente a cidade russa com a mentalidade mais “europeia”.
Quando ir
Este tema do “quando ir” é sempre muito subjectivo, pois depende muito do gosto de cada um e da experiência que se pretende ter.
No nosso caso, acreditamos que há certos lugares que tem um encanto especial no inverno, e São Petersburgo é sem dúvida um deles. Nesse sentido, os meses de Janeiro e Fevereiro são obviamente ideais para “viver” o inverno russo.
Ficámos a saber no entanto, que viajar para São Petersburgo nesta altura do ano tem sempre um risco associado. Não é totalmente incomum o aparecimento de massas geladas vindas do ártico que provocam fortes nevões e a caída das temperaturas para valores bem abaixo dos 15 graus negativos. (Felizmente não foi o caso durante a nossa estadia.)
No nosso caso, tínhamos muita expectativa em ver a cidade debaixo de neve, e felizmente tivemos a sorte de (no último dia!) cair em quantidade suficiente para cobrir a cidade com um enorme manto branco.
É certo que contámos com as temperaturas próprias da época, mas os agasalhos e as bebidas quentes ajudaram a fazer esquecer o frio!
Também os meses de Maio e Junho, quando ocorrem as “Noites Brancas”, podem proporcionar uma óptima experiência em São Petersburgo.
Pela sua posição geográfica e proximidade ao Círculo Polar Ártico, durante essa época do ano nunca anoitece completamente na cidade, sendo que existem actividades e festividades 24 horas por dia.
Como fomos
Tanto quanto sei, existem pelo menos duas companhias aéreas low-cost a operar voos para São Petersburgo.
Falo da Vueling, desde Barcelona (pesquisa aqui), e a nossa opção: a Wizzair, desde Londres Luton (pesquisa aqui).
Haverá eventualmente outras alternativas, mas estas duas parecem-me boas opções, pela normal facilidade (e baixo custo) como chegamos aos aeroportos de escala.
Ida
Percurso | Meio | Companhia | Custo p/ pessoa |
---|---|---|---|
Porto --> Londres Luton | Avião | Wizzair | 38,99€ |
Londres Luton --> São Petersburgo | Avião | Wizzair | 42,19€ |
Aeroporto --> São Petersburgo (alojamento) | Táxi | Yandex Taxi | 3,70€ |
Volta
Percurso | Meio | Companhia | Custo p/ pessoa |
---|---|---|---|
São Petersburgo (alojamento) --> Aeroporto | Táxi | Yandex Taxi | 5,50€ |
São Petersburgo --> Londres Luton | Avião | Wizzair | 42,19€ |
Londres Gatwick --> Porto | Avião | Easyjet | 41,75€ |
Quanto a nós, no regresso fizemos um “desvio” que nos obrigou a mudar de aeroporto à chegada ao Reino Unido.
O voo da Wizzair de Londres Luton para o Porto estava caríssimo, e como tal surgiu a ideia de prolongarmos as nossas férias e fazer uma visita aos nossos amigos em Brighton, sendo que voámos 2 dias depois de Londres Gatwick para o Porto.
Melhor impossível! (obrigado My White Mornings ♥)
Confere aqui as melhores dicas para conseguir vôos económicos.
Onde ficámos
O alojamento em São Petersburgo é, de uma forma geral, bastante económico, pelo que é relativamente simples encontrar um lugar que preencha todos os nossos requisitos.
No que diz respeito a localização ideal, São Petersburgo não tem um “centro da cidade” muito delineado, no entanto, a referência mais central será talvez o Hermitage e Praça do Palácio. Em jeito de sugestão, qualquer opção ao longo da avenida principal Nevsky Prospekt será sempre uma boa ideia.
Após algumas pesquisas e comparações, escolhemos aquele que ganhou rapidamente o título de um dos melhores hotéis onde já estivemos hospedados! As instalações muito confortáveis, e o staff incansável em fazer da nossa estadia a melhor possível, foram o ponto alto.
Também a localização é excelente, em zona tranquila, perto do metro e relativamente perto do centro da cidade (se é que existe um centro da cidade em São Petersburgo, tal como referi em cima).
Pelas 3 noites em regime de alojamento e pequeno almoço no Hotel Galunov, pagámos 202,00€.
A “cereja no topo do bolo” foi o facto de termos acesso 24h por dia à zona de cafetaria, com cafés, chás, biscoitos e gelado de cortesia.
Visitar São Petersburgo – alguns truques e dicas
Mapas e planeamento
Além do nosso habitual mapa de papel, desta vez usámos um mais um pouco a tecnologia, para nos ajudar na visita à cidade. Isto porque na Rússia existe algo chamado Yandex, o mais utilizado motor de busca do país.
De certa forma, os russos orgulham-se de ter o seu próprio Google, que para além do motor de busca, oferece um conjunto de outras aplicações bastante úteis. Refiro-me ao Yandex Maps e o Yandex Taxi que são uma espécie de irmãos gémeos de Google Maps e Uber, respectivamente.
Não que as aplicações americanas não funcionem bem, mas a Yandex oferece uma interligação entre as diversas aplicações que eu achei excelente, além de conseguir ser mais preciso do que o Google Maps.
No Maps da Yandex é possível fazer tudo o que fazemos no Google Maps, como por exemplo, busca de pontos de interesse, trajectos, estações de metro mais próximas, visualização da circulação de transportes públicos em tempo real, entre muitas outras coisas.
Para descarregar a aplicação para Android ou IOS, basta pesquisar nas respectivas Stores.
Telecomunicações
O roaming na Rússia é bastante caro, e apesar da maior parte dos estabelecimentos disponibilizarem acesso à internet, é sempre vantajoso podermos estar ligados permanentemente.
Para isso existem várias operadoras que disponibilizam cartões SIM com pacotes de internet a preços bastante razoáveis.
No aeroporto, logo à chegada, entrámos na loja da Tele2 (havia pelo menos duas operadoras com lojas abertas) e adquirimos um cartão SIM com 40GB de Internet por 600 rublos (cerca de 7€).
Transportes
São Petersburgo é uma cidade bastante plana e facilmente percorrida a pé, no entanto podemos sempre utilizar os meios de transporte disponíveis na cidade. Acaba por ser uma forma de economizar tempo e poupar um bocadinho as pernas.
Apesar de existem outras formas de transporte, vou mencionar apenas as que utilizámos:
Metro
Viajar no Metro de São Petersburgo é uma experiência por si só interessantíssima. Além da mobilidade, ressalvo o facto de em São Petersburgo algumas das estações serem autênticos museus de beleza ímpar!
As estações de Metro de São Petersburgo são uma das imagens de marca da cidade.
O valor é muito razoável, sendo que é possível comprar umas pequenas moedas (tokens) para viagens simples por algo como 0,64€. No nosso caso, compensou comprar cartões de 10 viagens, por um preço a rondar os 4,50€ cada.
Nota: É necessário adquirir um cartão por pessoa, pois os torniquetes não aceitam o mesmo cartão ao tentar passar duas ou mais vezes consecutivas.
Consulta os preços em vigor aqui.
Todos os títulos de viagem são comprados em qualquer estação, nas máquinas para esse efeito. O processo de compra é muito simples, e todas as máquinas têm possibilidade de ser colocadas em língua inglesa.
De assinalar também que usámos o nosso Revolut em todas as máquinas sem qualquer dificuldade.
Yandex Taxi
O Yandex Taxi é uma aplicação muito ao estilo da Uber, só que no caso de São Petersburgo, com preços bastante mais acessíveis.
Para quem está familiarizado com a Uber, a aplicação da Yandex é em todo semelhante, com a excepção de que está inteligada com o Yandex Maps. Por exemplo, ao simularmos um trajecto no Yandex Maps, automaticamente surge a opção de chamar um Yandex Taxi para o referido trajecto, indicando custo e tempo aproximado.
Podemos, de qualquer forma, utilizar apenas a aplicação da Yandex Taxi para obter um transporte.
Quando ordenamos a “encomenda” do transporte, recebemos de imediato informação de marca, modelo e cor do veículo, bem como nome e reputação do motorista junto da comunidade Yandex. No que diz respeito ao pagamento, podemos pagar em dinheiro no final da viagem ou associar previamente um cartão de crédito na aplicação, para cobrança electrónica.
Usámos várias vezes este serviço durante a nossa estadia, tanto para trajectos curtos como para trajectos mais longos (incluindo de/para o aeroporto e outras deslocações para fora da cidade).
Notas adicionais
- A moeda oficial em São Petersburgo é o Rublo Russo (1 Rublo = 0,01 Euros).
- A língua ofícial é o Russo ( de notar que existe bastante dificuldade no domínio da língua inglesa. Houve alturas em que sentimos a barreira linguística, até mesmo ao interagir com as gerações mais jovens).
- Os táxis não oficiais (táxis de cor preta), são totalmente desaconselhados.