Quando perguntam em que outro lugar do mundo me imagino a viver, a minha resposta é sempre a mesma: Telavive! Ora, melhor elogio não poderia fazer, certo? A verdade é que é impossível ficar indiferente a uma das cidades mais incríveis do Mediterrâneo.
Telavive, a cidade
Telavive é a segunda maior cidade de Israel, onde vivem actualmente cerca de 450.000 pessoas.
Fundada em 1909, inicialmente como um subúrbio da antiga cidade de Jaffa, é a cidade israelita mais conotada com o lazer e entretenimento. Não é por acaso que dizem “Haifa works, Jerusalem prays and Tel Aviv plays“. Algo como “Haifa trabalha, Jerusalém reza e Telavive diverte-se”.
Ainda assim, a cidade tem muito mais do que isso para oferecer. Considerada Património Mundial da UNESCO em 2003, é a cidade mais visitada do Médio Oriente.
Telavive foi a nossa “base” durante a viagem a Israel em Setembro de 2018.
10 motivos para visitar Telavive
1. Praia
Que dizer das praias de Telavive? São aproximadamente 13 km de areia branca e fina, que percorrem a cidade de norte a sul, criando uma sequência de praias fabulosas. Durante o verão, a temperatura da água do mar oscila entre os 26 e os 29 graus, pelo que não podemos pedir muito mais!
É o lugar perfeito para “trabalhar o bronze”, praticar desportos aquáticos ou desfrutar do pôr-do-sol junto ao mar (por sinal, fantástico!)
Gordon Beach, Frishman Beach ou Hilton Beach mais norte, ou Jerusalem Beach, Banana Beach ou Alma Beach (Jaffa) mais a sul, são algumas das escolhas mais óbvias. Gostaríamos de ter experimentado todas, mas não foi possível, pelo que frequentámos maioritariamente a Gordon e a Frishman por estarem mais perto do nosso alojamento.
Apesar de muito concorridas (umas mais do que outras), as praias de Telavive têm uma vibe relaxada e descontraída. Com efeito, são muitos os quilómetros de areal disponível, o que permite que haja sempre espaço para toda a gente.
Como curiosidade, a Nordau Beach, no norte de Telavive é um praia algo diferente durante a semana, quando existem dias específicos para homens e mulheres. Aos sábados está aberta a toda a gente.
Existe também a Hilton Beach, mais popular entre a comunidade gay de Telavive, enquanto que a Alma Beach, é conhecida por ser mais frequentada pela população árabe de Jaffa e a favorita dos surfistas locais. Por outro lado, a já mencionada Banana Beach, está mais ligada à música e festa, pelo que será a mais animada depois do sol se pôr.
A verdade é que seja qual for a praia escolhida em Telavive, é sempre garantia de um dia (e noite) bem passados! Na verdade, não houve um único dia que tenhamos saído da praia com a luz do dia, uma vez que era “impossível” não ficar até ao anoitecer para desfrutar do pôr-do-sol.
Seguiu-se sempre um mergulho diário “pós-sunset“, que se tornou um ritual! Esteve sempre muito calor, e a água morna, como resistir?!
Efectivamente, a praia faz parte do estilo de vida dos habitantes de Telavive. Seja o mar e os banhos de sol, os desportos aquáticos, ou simplesmente o exercício físico à beira-mar. É comum ver os “ginásios” de praia cheios, bem como os inúmeros campos de vólei.
Também o tráfego de joggers, ciclistas, ou os simples passeios a pé pelo “calçadão” são comuns a qualquer hora do dia e até à noite.
Aparentemente, para o “telaviviano” comum, todos os pretextos são bons para frequentar a praia.
2. Arquitectura
Telavive é um “prato cheio” no que diz respeito a estilos arquitectónicos.
Se na cidade velha de Jaffa temos construções milenares, no centro da cidade estão os modernos prédios e arranha-céus que se destacam na linha do horizonte. Não podemos esquecer também, os mais de 4000 edifícios de estilo Bauhaus, concentrados maioritariamente na chamada “Cidade Branca”. Importa referir que se trata da maior concentração de prédios do estilo em todo o mundo.
Apesar de ser difícil colocar a praia de lado em pleno verão (pelo menos para mim), é muito interessante ter noção destes contrastes ao passear pelas diversas ruas e praças da cidade. No nosso caso, optámos por fazer estes passeios bem cedo pela manhã ou depois do sol se pôr.
Dica: Telavive é uma cidade bastante plana, pelo que pode ser percorrida de bicicleta. Existe um serviço de bike sharing (Tel-O-Fun), que permite precisamente explorar a cidade enquanto pedalamos. Os parques destas bicicletas estão espalhados por toda a cidade, pelo que se torna muito confortável a sua utilização.
3. Gastronomia
Israel é um país de emigrantes, e como tal, existe uma grande influência de outras culturas gastronómicas na cozinha israelita, nomeadamente a africana, europeia e asiática. Além disso, estando junto ao mar, os variados pratos de peixe fresco são sempre uma opção.
De notar que Israel é o paraíso dos vegetarianos e vegan. Existe uma cultura muito grande deste tipo de comidas no país, e principalmente em Telavive, há inúmeros restaurantes da especialidade.
De resto, pratos como Shawarma, Falafel, Shakshuka, Humus, são muito comuns e apreciados, tanto por locais como visitantes.
Adicionalmente, Telavive tem um cultura muito própria de “comida de rua”, na medida em que é muito fácil encontrar a cada virar de esquina, algo para comer, que será certamente delicioso, rápido e bem mais em conta do que em qualquer restaurante.
Para quem quer visitar a cidade de forma económica, é uma óptima alternativa à (cara) restauração de Telavive.
Dica: O Mercado Sarona (zona norte) é um paraíso de comidas típicas e deliciosas. Vale a pena espreitar! Localização: Aluf Kalman Magen St 3.
4. Arte e Cultura
Telavive é uma cidade que respira arte e cultura. Isso é bem visível ao percorrer as suas ruas, onde podemos ver todos os tipos de arte, tanto dentro, como fora de portas.
Neste tema destaca-se o Museu de Arte de Telavive, o principal museu de arte da cidade, onde estão expostas obras de Van Gogh, Degas ou Picasso, por exemplo. O próprio edifício acaba por ser muito interessante pelas formas arrojadas.
Existem igualmente, inúmeras outras galerias de arte e museus espalhados pela cidade que podem ser facilmente visitados. Além do mais, são constantes também, diversos tipos de eventos culturais, que todos os dias se fazem anunciar pela cidade.
Não foi algo que tenhamos tido tempo para desfrutar em pleno, contudo é impossível passar ao lado desta vertente cultural tão presente.
5. Vida nocturna
Em bom português, Telavive é o paraíso da “roda no ar”!
Na verdade, é bem normal ver tanta gente na rua às 4 da tarde, como às 4 da manhã. Para isso contribui o facto da cidade ter uma população muito jovem, que simplesmente adora divertir-se e sair à noite. Quem pode censurar? É, com toda a propriedade, uma cidade que nunca dorme.
Desde cafés e esplanadas, bares, rooftops, e discotecas, são infinitos os espaços para “beber um copo” na noite de Telavive.
Alguns dos lugares mais conhecidos, como por exemplo, o Rothschild 12, Kuli Alma ou The Block, estão nas preferências tanto dos locais como de turistas. Volto a referir que a oferta é incrivelmente extensa, pois se há algo que nunca irá faltar em Telavive, são espaços de animação nocturna.
Como zonas mais procuradas temos a parte sul da Avenida Rothschild, e o Porto de Telavive (Namal Port), no norte da cidade.
6. Jaffa
Jaffa, localizada a sul de Telavive, é uma antiga cidade portuária de Israel. (Muitos alegam que se trata do porto mais antigo do mundo).
Hoje em dia, é parte integrante da cidade de Telavive, a que se dá o nome de Telavive-Jaffa (Tel Aviv-Yafo), onde vivem em comunidade, judeus, cristãos e muçulmanos. Aliás, grande parte da população árabe de Telavive, onde se incluem os cristãos e muçulmanos, vive precisamente em Jaffa.
Trata-se de um lugar constituído, maioritariamente, por edifícios cor de areia e extremamente antigos, já por isso a chamam de “irmã mais velha de Telavive”. São inúmeras ruas que vão desde a torre do relógio, passando pelos jardins, descendo até à zona portuária. Encontramos com facilidade muitos restaurantes, cafés e diversos outros estabelecimentos comerciais ao explorar as ruas e vielas da cidade velha.
Talvez o lugar mais emblemático de Jaffa seja a sua feira da ladra (Jaffa’s Flea Market), onde podemos ter um experiência bem genuína e encontrar à venda os mais variados produtos.
7. Mercado Carmel
O mercado Carmel é o maior mercado da cidade de Telavive. Inaugurado em 1920, trata-se de um lugar vibrante e bastante concorrido, onde os comerciantes vendem de tudo, principalmente roupa, comidas e especiarias. Tudo o que se possa imaginar está à venda no mercado Carmel.
Visitar este lugar tão peculiar (considerado o maior mercado do Médio Oriente) é uma das experiências preferidas de quem visita Telavive pela primeira vez. As cores, os cheiros, os sons, tudo é extremamente intenso, algo que nós apreciámos bastante.
Durante o período que antecede o Shabbat, o mercado Carmel pode tornar-se particularmente concorrido, na medida em que muita gente procura abastecer-se de produtos para a ocasião.
O Shabbat é algo que acontece todas as semanas em Israel, quando de sexta-feira à tarde até ao pôr do sol de sábado, o país pára. Os transportes públicos deixam de operar (excepto alguns táxis) e a maior parte dos estabelecimentos comerciais encerram. É um período em que as pessoas dedicam mais tempo às famílias e aos momentos de lazer, após uma semana de trabalho.
8. Neve Tzedek
O bairro Neve Tzedek, localizado na zona sul de Telavive, é o bairro mais antigo de Telavive.
Este renovado bairro, caracteriza-se pelos pequenos edifícios e ruas coloridas. De certa forma, tem um ambiente ligeiramente mais tranquilo do que o resto da cidade, principalmente comparando com as áreas circundantes. Algumas das lojas, cafés e restaurantes mais distintos de Telavive, estão em Neve Tzedek.
Percorrer a rua Shabazi, a rua central, é completamente”obrigatório”, seguindo até à antiga estação de comboios, que é actualmente um local de entretenimento com várias lojas e cafés.
Este bairro é um dos pontos da cidade a não perder, no entanto, é das zonas mais caras da cidade… portanto cuidado com o orçamento! Infelizmente não conseguimos passar tanto tempo nesta zona quanto gostaríamos.
9. Cidade Branca
A “Cidade Branca” é uma área de Telavive, maioritariamente na zona da avenida Rotschild e ruas adjacentes. Esta “cidade” foi criada entre os anos 1920 e 1930, quando vários arquitectos judeus que tinham estudado na Europa, regressaram a Telavive para recriar aquilo que tinham visto no velho continente. Como Património Mundial da UNESCO desde 2003, é uma das imagens de marca da cidade.
O nome surge pela grande concentração de edifícios de estilo Bauhaus que existe nesta zona, que são na sua grande maioria, claro está…brancos.
As ruas Allenby, Bialik e Sheinkin são outros bons exemplares deste estilo que merecem um passeio para quem visita a cidade. Numa próxima visita iremos certamente dispensar mais tempo para conhecer melhor esta parte da cidade.
10. Estilo de vida e… as pessoas
Chegamos àquele que considero um dos pontos mais importantes: o estilo de vida descontraído e as pessoas de Telavive!
A cidade tem um ambiente super amigável e tranquilo, sendo que salta à vista, o savoir vivre dos seus habitantes. As pessoas saem à rua, os cafés e esplanadas ficam repletos a qualquer hora, bem como a praia, que acredito ser um “templo” bem mais sagrado para o “telaviviano” comum, do que qualquer sinagoga ou outro local de culto.
Basicamente, qualquer semelhança com qualquer cidade europeia do Mediterrâneo… é pura coincidência, até porque Telavive é sempre melhor!
Alguém dizia que “em Telavive é mais provável ver um judeu com tatuagens e piercings a fazer surf, do que um judeu ortodoxo”. Não que faça qualquer diferença, mas retrata bem o estilo descontraído desta cidade que tão bem sabe aproveitar o melhor da vida.
Quem visita Telavive, tem uma sensação de liberdade e tolerância que tornam a experiência ainda mais interessante. Acima de tudo, temos a sensação de estar num lugar onde se respeita imenso a “diferença”, e isso é fabuloso nos dias que correm.
Quanto às pessoas, que dizer? Na sua generalidade extremamente afáveis, extrovertidas, simpáticas, e sempre dispostas a ajudar. Em todo o momento nos sentimos bem-vindos, pelo que só temos coisas boas a dizer do povo de Telavive.
Espero sinceramente que possamos voltar muito em breve.
Toda raba, Tel Aviv!